O museu
O Museu de Arte de São Paulo é um museu privado sem fins lucrativos, fundado em 1947 pelo empresário e mecenas Assis Chateaubriand (1892-1968), tornando-se o primeiro museu moderno no país. Chateaubriand convidou o crítico e marchand italiano Pietro Maria Bardi (1900-1999) para dirigir o MASP, e Lina Bo Bardi (1914-1992) para desenvolver o projeto arquitetônico e expográfico. Mais importante acervo de arte europeia do Hemisfério Sul, hoje a coleção do MASP reúne mais de 10 mil obras, incluindo pinturas, esculturas, objetos, fotografias, vídeos e vestuário de diversos períodos, abrangendo a produção europeia, africana, asiática e das Américas.
A radicalidade da arquiteta também se faz presente nos cavaletes de cristal, criados para expor a coleção no segundo andar do edifício. Ao retirar as obras das paredes, os cavaletes questionam o tradicional modelo de museu europeu, no qual o espectador é levado a seguir uma narrativa linear sugerida pela ordem e disposição das obras nas salas. No espaço amplo da pinacoteca do MASP, a expografia suspensa e transparente permite ao público um convívio mais próximo com o acervo uma vez que ele pode escolher o seu percurso entre as obras, contorná-las e visualizar o seu verso.
Além da mostra de longa duração de seu Acervo em transformação na pinacoteca do museu, realiza-se ao longo do ano uma ampla programação de exposições coletivas e individuais que se articulam em torno de eixos temáticos: as histórias da sexualidade (2017), as histórias afroatlânticas (2018), as histórias feministas/histórias das mulheres (2019). É importante levar em consideração o termo plural “histórias” que aponta para histórias múltiplas, diversas e polifônicas, histórias abertas, inconstantes e em processo, histórias em fragmentos e em camadas, histórias não totalizantes nem definitivas. “Histórias”, em português, afinal, abarca tanto a ficção quanto a não ficção, as narrativas pessoais e políticas, privadas e públicas, micro e macro.
A exposição
Imagens do Aleijadinho foi uma das exposições que abriram o programa do MASP em 2018, ano dedicado às histórias afro-atlânticas, com exposições, seminários, programas de mediação e publicações em torno das trocas culturais entre a África, a Europa e as Américas.
A figura do Aleijadinho, filho de um artífice português e de sua escrava, alforriado pelo pai, inaugura um modelo de mulatismo e mestiçagem que constituiu um dos modos de compreensão da contribuição africana para a cultura brasileira — um modelo que, embora polêmico, é fundamental para a história da arte brasileira ao longo dos séculos. Profissionalmente ativo de meados do século 18 ao início do século 19, durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, o Aleijadinho é o autor de uma série de obras realizadas em igrejas mineiras a pedido de ordens terceiras e que formam um dos principais conjuntos de arte religiosa executados no Brasil, incluindo a igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto e os Passos da Paixão de Cristo e os Profetas em Congonhas. Figura central na história da arte no país, sua obra foi influenciada pela arte barroca e rococó europeia e também absorveu referências da visualidade africana e popular.
A atividade pedagógica
Durante as aulas de História os alunos do 8º ano estudaram o contexto histórico de Minas Gerais no século XVIII, envolvido pela exploração do ouro e diamante, pela opressão metropolitana, pela extorsão dos escravizados e revoltas generalizadas. Cenário que foi o pano de fundo para a existência de Aleijadinho e seu processo criativo. Ao analisarmos fragmento do teto da Igreja São Francisco de Assis, os alunos foram introduzidos no universo do barroco mineiro.
Nas aulas de Arte complementaram o conhecimento sobre esse estilo artístico, que se desenvolveu na Europa dos séculos XVII e XVIII. Sem que as características do barroco simplesmente fossem “transmitidas” aos alunos, as aulas serviram como sensibilização e educação do olhar para que, no MASP, as crianças pudessem – elas próprias – reconhecer e identificar os aspectos marcantes do movimento.
Interessante notar o quanto aproveitaram a visita, as explicações dos monitores e como ficaram extasiados com o espaço – visitado por muitos pela primeira vez.
Monica Overbeck e Maria Rita Vieira,
Professoras de Arte e História – Ensino Fundamental