Não, lugar de mulher não é na cozinha, é em qualquer lugar. “Elas podem ser o que quiserem” – encerrou as rodas de conversa com o 9º ano a ex-aluna Pietra Fontana que acompanhada da também ex-aluna, Fyamma Sampaio, revisitou suas antigas salas de aula.
Numa manhã pré-jogo do Brasil em Copa do Mundo, a turma do 9º ano recebeu duas ilustres visitas das ex-alunas Pietra Fontana e Fyamma Sampaio para conversar sobre empoderamento feminino. Ambas participam de coletivos feministas e se dispuseram a conversar mais vezes sobre o assunto, devido à importância do tema ser trabalhado durante a formação escolar. Sim, é preciso desconstruir o machismo enraizado em nossa cultura, em nossa sociedade.
Para tanto, há que se tomar conhecimento dos inúmeros gestos mais ou menos aceitos socialmente, mas que revelam desigualdades de gênero. Afinal a práxis receita que a conscientização precisa acontecer junto com a transformação das circunstâncias na prática. Logo, reconhecer os problemas ou tomar consciência deles é condição para que haja uma ação transformadora.
Foi com esse intuito que Pietra e Fyamma expuseram conceitos ligados ao feminismo, exemplificaram as variadas formas de violência de gênero e assédio, além de citar grandes personalidades femininas e suas conquistas: desde Ada Lovelace até a futebolista Marta, passando por Marie Curie, Tarsila do Amaral, Nina Simone, Clarice Lispector e outras mulheres “de primeira grandeza”.
A reflexão proposta foi mais uma oportunidade de pensar uma questão social que gera estatísticas como o Datafolha publicou ano passado no Fórum Brasileiro de Segurança Pública (resultados aqui).
Prof. Paulo Roberto Laubé
Assim como em outras esferas da vida, o ambiente escolar ainda se mostra como um dos principais precursores do machismo e da discriminação de gênero. Sobretudo na adolescência, essa desigualdade atua de forma ainda mais hostil, uma vez que surge antes mesmo das alunas se intitularem feministas ou reconhecerem o sexismo que permeia certas atitudes.
Levando-se em conta que as reais mudanças sociais só acontecem através da educação, o quanto antes possível as meninas precisam aprender sobre a discriminação e a violência, porque é só através do conhecimento que o combate pode começar. Os meninos, por sua vez, precisam ser ensinados a, com elas, lutarem por um mundo melhor, entendendo a urgência da mudança de seus comportamentos.
Liberdade e igualdade surgem por meio de muito aprendizado, de forma que discutir a pauta feminista em sala de aula é acreditar no poder do conhecimento como instrumento para construção de uma sociedade mais justa, igualitária e livre de preconceitos. Uma escola que se propõe a debater a discriminação de gênero é uma escola que inclui, acolhe e ensina a incluir e acolher.”
Pietra Fontana