“Todos nós somos educados de uma maneira muito torta acerca do outro. O que a gente pode fazer é admitir que estamos em obras e ir corrigindo isso”.
Emicida, 2016
O Colégio Santo Agostinho, movido pelo objetivo de contribuir para a construção de uma realidade que contemple as pluralidades cultural, racial, étnica e social, – e que tais diversidades não sejam vistas como ameaça e, sim, como um valor positivo – promoveu a saída cultural ao Museu Afro Brasil em 21 de novembro.
A visita que os alunos do 8º ano realizaram ajustou-se ao desenvolvimento da noção de preservação e divulgação da herança cultural e artística do negro no Brasil. E como não se trata de um museu meramente contemplativo, a visita foi mais longe: aguçou um olhar mais profundo sobre as nossas raízes, sobre a nossa identidade. Abriu espaço para o reconhecimento e para a transformação, pois compartilhamos o entendimento de que a construção diária de um país mais justo e democrático só é possível quando sabemos o que somos. E, para isso, é fundamental conhecer e respeitar as nossas raízes – marcadas pela riqueza da pluralidade e pela capacidade intrínseca de assimilar e recriar.
Logo na recepção, a monitoria tratou de avisar: “Este é um museu brasileiro! Não é museu da África, dos negros, é brasileiro!”. A ênfase é um convite para que nos sintamos parte do todo – Brasil. Ou seja, não vamos falar do outro, vamos falar e olhar para nós mesmos. É um chamamento comovente…
E os alunos aceitaram o convite… Envolveram-se nas conversas, nas observações propostas e encheram a monitora de sedentas questões sobre racismo, expressões religiosas de matrizes africanas, o lugar do negro na mídia, e assim por diante.
Trabalho sensível e revelador, que nos propõe uma mudança de comportamento e nos convoca a sermos mais vigilantes e atentos ao outro e a nós mesmos. Nas paredes do museu, algo sintomático:
“A única pessoa que pode quebrar sua cabeça é aquela que a moldou.”
Provérbio Akan (Gana)
Maria Rita Vieira, professora de História e Geografia