Folclore ou cultura popular tradicional está muito além de lendas e mitos. Desta forma, o trabalho sobre folclore realizado com o Período Integral 3 (PI3) iniciou com a cultura tradicional que permeia as brincadeiras tradicionais.
O projeto “Floresta Misteriosa” (que ganhou este nome somente com a exposição) teve início com a busca das crianças pelo desconhecido. Esta busca se deu quando propus que escolhessem um livro para o início da roda de leitura do 2º semestre. “O livro dos Tutus” da autora Blandina Franco foi o maior sucesso! Por mais que eu tentasse incluir novos livros e temas, eles sempre resgatavam “os Tutus”, inclusive trazendo livros de casa sobre o tema.
Realmente não houve outra opção a não ser pensar em algo que contemplasse o que eles gostariam de estudar, que satisfizesse ânsia pelo desconhecido e que os instigassem a procurar ainda mais. O projeto contou com alguns objetivos, como: conhecer um autor importante da literatura brasileira, Monteiro Lobato; identificar e conhecer as características dos personagens folclóricos; realizar leituras complementares e explorar diversos materiais na produção artística.
O livro “O Saci”, de Monteiro Lobato, foi o escolhido para dar início a este trabalho. Longo, divido em capítulos, com características e vocabulário diferenciados, foi um desafio de leitura e concentração que nos rendeu ótimas conversas e uma lista recheada de personagens folclóricos.
Conforme os personagens iam aparecendo na história, recorríamos a livros complementares, que nos ajudaram a conhecer melhor cada um destes mitos. Sem dúvida, a série sobre o folclore da autora Luciana Garcia, foi o maior sucesso e após o termino da leitura do “Sitío do Picapau Amarelo” foi preciso ler a coleção inteira!
Cada mito que apareceu na floresta do sítio ganhou uma escultura personalizada. Os materiais foram escolhidos democraticamente pelas crianças que tiveram que lidar com a frustração de um material que não funcionou muito bem e procurar soluções criativas para dar conta da escultura.
A lista foi grande: Saci e a Mula sem cabeça feitos de argila, Curupira de barbante e cola, Boitatá de retalhos de papel (que não funcionou e precisou ser repensado), Jurupari feito de tampinhas e dobradura, Negrinho do Pastoreio e Lobisomem de biscuit, Iara usando a técnica das “bonecas de nós africanas” com tecido e a Cuca que contou com uma enorme diversidade, pregador, bolinha de isopor, tampinhas e E.V.A.
Além de concluir o projeto com uma exposição incrível, chamada “Floresta Misteriosa”, os saldos deste trabalho foram, com certeza, muito positivos. Atingimos os objetivos principais e fomos além.
Crianças se tornaram mais confiantes e capazes de confrontar seus medos, enfrentaram o paradigma do “Está bonito ou feio?”, tendo a oportunidade de explorar suas habilidades artísticas sem a preocupação de delimitar um padrão e por fim, puderam mergulhar no mundo mágico dos livros e do folclore e conquistar, algo hoje tão precioso, o hábito de ler e apreciar a leitura.
Compartilho agora alguns relatos que comprovam um projeto mais que “misterioso”:
“Este é o melhor livro da minha vida.” – Luís Henrique Côrte
“Vou pedir estes livros pro Papai Noel.” – Rebecca Uema
“Bárbara, eu já tenho a coleção inteira!” – Gustavo Granero
“Eu fiz um livro de personagens na minha casa.” Mariah Borges e Luís Henrique Côrte
Bárbara Soares
Professora do Período Integral 3